Baseado em fatos reais, espetáculo retrata tortura de 4 prisioneiros nos Estados Unidos
Inspirada em “Not About Nightingales”, obra escrita por Tennessee Williams (1911 – 1983), a Cia Triptal encena “Inferno – Um Interlúdio Expressionista”, peça dedicada à memória de quatro homens que morreram de tortura em uma prisão americana, em agosto de 1938.
A direção é de André Garolli e o elenco conta com: Camila dos Anjos, Fernando Vieira, Fabrício Pietro e mais 37 atores. Em outubro, a peça faz apresentações no Teatro Flávio Império nos dias 5 e 6 de outubro, sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
A montagem retrata a tortura que ocorreu em uma prisão em Holmesburg, Pennsylvania, em 1938. Um grupo de 25 presos realizou uma greve de fome e como punição foi trancado em uma cela fechada com vapor aquecido. Quatro deles morreram assados, e quando a notícia foi disseminada por meio dos jornais, a opinião pública americana ficou indignada.
“Essa dramaturgia tem uma grande dose de horror, violência, sangue e morte. Ela nos mostra os problemas e as consequências de usarmos ações disciplinares arcaicas e brutais, e que infelizmente, ao relermos setenta anos depois, percebemos que pouca coisa mudou”, comenta Garolli.
Sobre a peça
Cenograficamente, o espetáculo é dividido em duas características: realista com os móveis da diretoria e expressionista com a representação das celas. O enclausuramento foi um dos temas focados durante o processo, o que refletiu no cenário que evoca o sentido de aglomeração das pessoas por meio de um empilhamento de cadeiras.
O reaparecimento deste trabalho engavetado de um autor como Tennessee Williams chocou e surpreendeu muitos críticos e estudiosos, quando foi realizada a montagem pela primeira vez em Londres no ano de 1998. Escrito no final de 1938, mas nunca produzido até sessenta anos depois, a obra oferece um retrato muito diferente de seu autor ícone.
O diretor ressaltou a importância desse texto do dramaturgo: “Tennessee defendia uma crítica aos padrões estabelecidos pelo “mainstream” e coloca em pauta o marginalizado, “os perdedores” e os fora do padrão normativo (à deriva). Lança um olhar crítico, uma vez que se recusa a julgar os personagens e estabelecer morais de conduta”.
A peça surgiu a partir do projeto “Homens à Deriva” foi contemplado no 32º edital de Fomento ao Teatro, iniciativa que aborda as possibilidades de aprisionamento em que uma sociedade pode levar uma pessoa. Durante o processo, houve uma convocatória pública direcionada para atores e estudantes da área.
Serviço
- Endereço: R. Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba.
- Datas: 5 e 6 de outubro.
- Horários: Sábado, às 20h, e Domingo, às 19h.
- Telefone: (11) 2621-2719.
Por: Renato Fernandes. Foto: Alexandre Inserra.
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