sexta-feira, 29 de março de 2024

Ex-dependente químico escreve sobre sua recuperação

Autor foi professor e morador do Tatuapé e hoje busca captar recursos para publicação da obra.

“Se você gosta de julgar o próximo, se diverte vendo as pessoas errarem, sente prazer em tirar sarro da cara dos outros, se você é uma pessoa invejosa, dissimulada, arrogante, preconceituosa, egoísta, intolerante, enfim, se você é daqueles ou daquelas que justifica seus erros, ou ainda, se você acredita que nunca erra, então esse livro também é para você.”, assim define Marcelino Verdi, autor da obra “Atire a primeira pedra quem nunca pecou”.

O escritor relata no livro de 432 páginas a própria trajetória, desde a carreira como apresentador de um programa de entrevistas num canal a cabo e professor universitário, até chegar à situação de rua, vivendo do lixo para se alimentar e vender itens com o intuito de sustentar o vício do crack.

Na obra, Marcelino narra seu dia-a-dia pelas ruas do Tatuapé e escreve sobre o círculo de amizades com quem se relacionava. “Nesse meio tinha médico, terapeuta, advogada, psicóloga, engenheiro, professor, professora. Todos andando sujos, largados e usuários de crack, eu me perguntava:‘o que aconteceu na vida dessas pessoas a ponto de desistirem de tudo?’”, questiona.

Após cumprir pena por furto e inúmeras tentativas mal sucedidas de largar o vício, Marcelino decidiu mudar-se para Goiás, onde vive atualmente, a fim de se afastar de todos que pudessem influenciar seu retorno ao uso da droga.

No novo estado, o autor recaiu e foi preso pela segunda vez. Chegando ao fundo do poço, Marcelino conta que decidiu dar a volta por cima. “O que me ajudou profundamente, e sou grato por toda a minha vida, é o CAPS (Centro de Apoio Psicossocial). Tem em todo o Brasil e o bacana é que o usuário vai por motivação própria.”, relembra o autor.

Hoje, recuperado, Verdi escreveu a obra no intuito de auxiliar pessoas que vivem situações semelhantes as quais ele vivenciou. Mas a narrativa não se restringe somente a superação das drogas. Marcelino percorre temas como preconceito, rótulos e discriminação; convívio social e familiar, a fé, o vício, ansiedade, frustração e depressão.

Com a experiência de quem sentiu na pele os efeitos destruidores do crack, o autor aconselha quem enfrenta o problema. “Não desista jamais, abrace a ideia de que sua vida é digna de vitórias, de se reerguer e voltar ao normal. Um fator importante é se afastar de tudo e todos que possa desviar o propósito de sair do vício. Se fortaleça fisicamente, mentalmente, emocionalmente e religiosamente para depois, voltar a sociedade com trabalho, sucesso e prosperidade.”

O livro foi encaminhado à Fundação Biblioteca Nacional para registro e garantia dos direitos autorais de Marcelino, porém ainda não há previsão de publicação. O autor busca patrocínio e recursos financeiros para arcar com os gastos de impressão, divulgação e distribuição da obra.

Verdi ainda revela que parte da primeira tiragem será doada para os CAPS espalhados pelo país.

Pessoas e entidades interessadas em apoiar o projeto podem entrar em contato com Marcelino através do e-mail verdialmar@gmail.com.

Reportagem: Barbara Novaes. Foto: Marcelino Verdi.

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